terça-feira, 4 de setembro de 2012

Saudades da Monarquia

Extraído da Folha de Lavras


Saudades da Monarchia... 
Folha de Lavras. Lavras, Ano XXI, n. 919, 13 set. 1914

Saudades da Monarchia...

Republica é, não ha negar, o regimen de governo idéal para os povos fortes e Moraes, cujo gráu de civilização coincida com uma índole ordeira e intelligente, talcomo se dá com a Repubica dos Estados Unidos da America do Norte, o unico governo republicano organisado e forte no mundo.

Todavia ou por isso mesmo, é o systema de governar mais nocivo que ha, para os povos semi-civilisados e ordinariamente turbulentos e inconscientes, tornando-se muita vez, caminho do anniquillamento... mórmente, quando esse frenetico delyrio de republicas frebicita os povos de origem latina. Lancemos um olhar por sobre o horisonte do mundo, e só encontraremos uma Republica de verdade: forte, sensata e progressista, – a patria yankee. As outras pseudo-republicas nada mais seriam que desopilantes vaudevilles, si a injustiça e a dissolução que dellas decorrem não ferissem a civilisação e não escamoteassem do Direito. A América, então, é exhuberante na comprovação do que acabo de afirmar; cada republica sul-americana é um verdadeiro pandemonio, onde o interesse egoistico dos potentados é a lei e a mora é o dinheiro. No nosso paiz, por exemplo, nada mais exquisito que a nossa tão decantada democracia... de prestidigitação. Aqui, o povo soberano jámais deixou de ser humillimo lacaio, não de S. M., mas de Sª. Exª. Enquanto o thesouro publico é fonte inexgotavel de ventura para o sangue azul dos aristocraticos delegados do povo, seus parentes e amigos, o povo soberano, de fome devorando as unhas, dórme o seu pesado somno da ignorancia no morno ambiente de sua inconsciente pusillunimidade.

Povo, sem raça, provindo de origens assás duvidosas... necessitando, como nenhum outro, de hygiene e educação, aqui nasce já ferreteado pela syphilis e outras táras, congenitamente degenerado, e cresce á revelia, com essa propensão para a ociosidade, o crime e immoralidade, proprias dos phisicos corrompidos, formando, assim, essa grande cohorte de cambaleantes enfermos, sem idéas fortes, sem moral energica. Dahi o marasmo do nosso meio, atormentado por tantos elementos de decomposição, e desleixado e esquecido pelos nossos estadistas, que, ou não têm noção do que é dirigir um povo ou, tendo-a, não n’a querem praticar!... Abandonado, ignorado e ráde, o povo permanece eternamente atolado ou no fanatismo idolatra ou na sensualidade bestial do materialismo inculto e viciado.

A justiça, outrora digna e magestosa, prescindio da facha da imparcialidade, para poder brandir com equidade a espada da Lei no terreno do Direito... e hoje, olhos dilatados e phisionomia congesta, escudeia os criminosos eminentes, e, aguçado punhal em punho, fére no peito o desgraçado povo... soberano na triste resignação de ser tratado como um vil leproso! – Mencionar todos os erros da falsidade do nosso actual regimen é tarefa assás sediça; são as decorrencias da anarchia, da immoralidade, do materialismo inculto, do predominio do dinheiro... onde todos mandam e nenhum é responsavel!...

Feudaes e vassallos... pobre Brazil! Dahi o murmurio do povo: – “Que saudades da Monarchia!”

B.H., 1—9—914.

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